quarta-feira, 22 de maio de 2013

Uma transparência de mil cores.


O céu. Aquela imensidão desconhecida possui a maior das maravilhas, muito além das estrelas, cadentes ou não, ou mesmo da lua. A verdade é que o topo do mundo não tem cor. Nada. Completamente transparente.
Agora perguntam-se: porquê essa afirmação? Porque é que não ter cor, coisa disparatada para começar, é maravilhoso?
A resposta é bastante simples. É tudo uma questão de emoção.
Reparem bem, é por culpa da disposição melancólica do olhar que vemos um pôr do sol repleto de vermelhos baços, rosas tristes e a breve aparição de um azul mais escuro, fundo e frio. Mas, devido à nossa paixão, transformamos esta mesma visão numa representação romântica digna de uma fotografia, onde o carmim simboliza calor, o rosa ternura, o sol uma bênção e o azul frio um mar de expectativas. Um céu tempestuoso pode trazer maldade em forma de explosões sonoras e nuvens roxas, ou talvez brechas para quem as procura numa longa viajem de carro, esperando ver a tranquilidade fofa do branco por detrás dos trovões e os raios solares a tingirem-nas de matizes belamente repousantes enquanto os raios rasgam o céu de quando em vez. Podemos alterar um raro céu limpo, azul puro, para algo seco e sem mudança, onde o vento nada pode mover para nosso deleite.
Tudo isto devido à nossa disposição para tal. Sem nós, as cores solares seriam apenas cores, sem significados ou beleza. Um pôr do sol seria igual a tantos outros, sem mudança, apesar de nunca ser igual; uma tempestade apenas produziria barulho; uma noite sem lua seria apenas escuridão seca. O céu ficaria transparente, nu, pois somos nós que o vestimos de sentidos e emoções, e isso é maravilhoso, ter a habilidade de alterar uma paisagem com a força de um olhar disposto a tal.


Andreia Pimenta

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